domingo, setembro 18, 2005

wang dang doodle

turbilhão
lapsos momentâneos de razão
vem e vão
e deixam para trás,
terras arrasadas.

domingo, julho 31, 2005

leminski

isso não estava aqui ontem
ontem era um dia pobre, metade,
mendigando ouro à mísera eternidade

hoje é um dia rico
um mundo cheio de luz e lágrima
força flor milagre e risco
o dia de hoje se olha no espelho

e só parece ontem
a mesma brisa a bruma idêntica
e essa neblina intensa
que nos obriga a fechar os olhos
e ler nas entrelinhas
os abismos de nós mesmos
hoje, sim, é maravilha,
hoje, finalmente, eu não sei

quarta-feira, junho 08, 2005

Das minhas palavras mudas

Preciso dizer-lhe tanto,
mas o farei de outra forma
breve e curta
Pois mais perspicazes,
serão minhas palavras mudas

Sabe que não me encanto facilmente
nós, sob os céu dessas estrelas,
sabemos melhor que ninguém..

Darei-lhe, então, um abraço
longo, apertado
que de sentimento
poderia explodir todo o
firmamento,
e transformá-lo em minúsculo
fragmento de luz

É que urge de mim uma necessidade
de mostrar-lhe o que penso,
tão vorazmente
que lhe causaria dor

É que irrompo a madrugada,
e mostro-lhe a aurora:
para que você saiba de tudo agora,
para que eu mesma, não diga nada.

Como o silêncio revelador
e a cumplicidade destes olhos gentis
as palavras que magoam
são as mesmas que tocam,
mas não as que elucidam
nossos casos vis.

Mais um do Leminski

Carrego o peso da lua,
Três paixões mal curadas,
Um saara de páginas,
Essa infinita madrugada.

Viver de noite
me fez senhor do fogo
A vocês eu deixo o sono.
O sonho, não.
Esse, eu mesmo carrego.

sexta-feira, maio 20, 2005

Ensaios e Anseios Crípticos:

"O primeiro personagem que um escritor cria é ele mesmo. Só os imbecis procuram um eu atrás do texto literário. Em literatura, a própria "sinceridade" é apenas, uma jogada de estilo. Um escritor medíocre não consegue ser "sincero"."
( Leminski )

quinta-feira, maio 19, 2005

A arte do chá

ainda ontem
convidei um amigo
para ficar em silêncio
comigo

ele veio
meio a esmo
praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo


(Leminski )

Nesse ínterim

Não diga nada
Neste momento quero só seus olhos,
sua boca
e nada mais.

Não se mova
Vamos viver intensamente
esses segundos de cumplicidade imensa,
sem pensar.

O silêncio só nosso,
o tempo só nosso,
enquando o mundo explode lá fora
devagar.

segunda-feira, maio 16, 2005

Os dias

São tardes vazias
de dias que passam,
só por passar

É a brisa que flui,
os carros que batem,
só por bater

Fugir para onde?
Esconder-me de quê?

São abraços sem fim,
chorosos, apertados
só por sentir

Sou abrigo sem luz
infestado de mofo,
só para mofar

Quem quer sair?
Quem vai entrar,no seu lugar?

A goteira insistente
que só faz pingar,
é um pedaço de mim
que não deixa acabar
a monotonia

de tardes vazias,
de dias que passam
só por passar.

domingo, maio 15, 2005

assim como voce (titulo sugerido)

Acordei bemol
tudo estava sustenido
Sol fazia
Só não fazia sentido

(Paulo Leminski)